sábado, 18 de fevereiro de 2012

Protestos contra a Vale deixam uma pessoa morta e várias feridas

Colômbia
Natasha Pitts
Jornalista da Adital

Desde terça-feira (14), o clima é tenso em La Loma e Plan Bonito, no departamento de Cesar,na Colômbia. O motivo são as manifestações contrárias à atuação da Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, com sede no Brasil e atuação em 38 países. Cansada de esperar por promessas que não estão sendo cumpridas, a população destas localidades decidiu chamar atenção. Até o momento, o saldo é de um policial morto e vários feridos, além de carros e casas incendiadas.

De acordo com Danilo Chammas, da organização Justiça nos Trilhos, informações vindas da Colômbia sinalizam que o principal desencadeador das reivindicações é a dificuldade em se avançar nas negociações para reassentar três comunidades.

Ao chegar à região para produzir carvão térmico, a Vale havia prometido realocar várias famílias em locais onde não fossem afetadas pela mineração, contudo, a promessa continua no campo das palavras. Por seguir morando próximo à mina, as pessoas estão contraindo doenças e sofrendo os efeitos da contaminação por substâncias tóxicas usadas na mineração.

As reivindicações tiveram início em Plan Bonito. Os manifestantes interromperam a estrada e a linha férrea por onde é transportado o carvão térmico produzido na mina a céu aberto El Hatillo. Mais de cem caminhões que transportavam toneladas do produto foram barrados, além de um trem com 135 vagões que carregava cerca de 60 toneladas de minério cada um.

Após saber da ação, os moradores de La Loma também se organizaram para reivindicar, mas a manifestação acabou em conflito com a chegada da polícia anti-distúrbios, grupo especial da Polícia Nacional da Colômbia.

Segundo Danilo, até ontem os protestos ainda continuavam nesta localidade. Já em Plan Bonito, as informações recebidas foram de que após reunião de negociação as manifestações cessaram.

A população reivindica que representantes brasileiros da Vale cheguem à Colômbia para negociar, pois afirmam que a Vale Colômbia não tem esse poder. Também não desejam mais a intermediação do governo, que atuava por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento (Fonade), pois querem tratar diretamente com a mineradora, já que a instituição não estava cumprindo prazos e exigências da população.

Além da realocação, os manifestantes pedem a desativação do depósito de rejeitos da mina e que a empresa comece a providenciar aterros. Também exigem o fim do corte dos eucaliptos, vegetação considerada a única proteção ambiental da região. Outro reivindicação é capacitação e oportunidades de trabalho para a população local.

Além da mina El Hatillp, que ocupa um área de 9.693 hectares, a Vale também atua no Porto de Rio Córdoba, na costa caribenha, departamento de Magdalena.

Não apenas na Colômbia, mas no mundo todo afetados pela Vale estão mostrando sua insatisfação. Segundo Justiça sobre Trilhos, desde janeiro deste ano aconteceu praticamente um protesto por semana contra a empresa. Foram registradas manifestações populares em Açailandia e Buriticupu (Maranhão, Brasil), Cateme (Moçambique), Sudbury (Canadá) e Morowali (Indonésia).

No final de janeiro, saiu o resultado do Public Eye Awards, considerado o "Nobel” da vergonha corporativa mundial – e a Vale foi eleita a pior corporação do mundo. A votação popular leva em consideração problemas ambientais, sociais e trabalhistas causados pelas empresas. A vergonhosa premiação é entregue durante o Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos.

Com informações de Justiça sobre Trilhos.

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