06/02/2012 - 17:12
Como pode um governo montar uma operação de guerra de tal magnitude, como a que estamos vendo na Bahia, tratando trabalhadores, não só como bandidos, mas como inimigos de guerra, cuja ação justificaria uma demonstração militar de tal porte?
A posição da presidenta Dilma Rousseff e do Governador Jaques Wagner são uma inequívoca demonstração de fraqueza. É trágico, ridículo e nada cômico. Estão brincando de “War” com a vida de homens e mulheres, chefes de família, que o único crime real é lutar para colocar comida na mesa e pagar suas contas? Alguém em sã consciência acha que esses policiais chegariam onde estão se não fosse o desespero por garantir suas necessidades materiais mais básicas e essenciais?
O Coordenador da Associação dos Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra-BA), Marco Prisco é do PSDB! Se for verificada a filiação partidária de todos os policiais que estão dentro da Assembleia Legislativa da Bahia, com certeza encontraremos representação dos mais variados partidos. Infelizmente os trabalhadores ainda não adquiriram uma consciência que os fizesse se abster de se filiar aos partidos chefiados por aqueles que são os verdadeiros responsáveis por suas mazelas. Qual é a diferença para a barriga do trabalhador e da dignidade de suas famílias, se dividir entre PSDB,PT,PMDB,PTC ou qualquer outra sigla dessa que só se preocupa em resguardar os interesses de ricos e poderosos?
Prisco é um lutador, não interessa seu partido, o conheço há quase 10 anos e sempre o vi batalhando por sua categoria e pelos interesses de sua família. Acho uma pena que ele esteja no PSDB, mas isso, neste momento, não é importante. O que interessa é que sua ação de luta hoje, não tem nada a ver com PSDB, mas sim com os interesses de tantos policiais sofridos que vem, há muito, sendo enganados pelo governo Jaques Wagner, que se tivesse respeitado a Lei, dado a Gratificação e cumprido com a anistia votada pelo Congresso Nacional, teria evitado tudo isso. Um governo pedante!
A sociedade civil deve enxergar neste episódio a urgente necessidade de exigir de seus governos que abandonem os dogmas da ditadura e que, urgentemente, deixe a democracia chegar aos militares: mudança nos arcaícos regimentos, direito de livre organização, direito a constituir sindicatos, direito de filiação, direito de reunião e livre expressão. São reivindicações democráticas, dentro da ordem e que se não forem implementadas poderão significar uma crise real.
O movimento social, as centrais sindicais, os sindicatos e o MST devem se despir de seus rancores por tanto sofrimento já passado com as polícias, e entender que esta é uma oportunidade para se construir uma outra Polícia. Uma que reflita as contradições sociais e beneficie os trabalhadores em suas lutas, e mais do que isso, atenda as necessidades de segurança da sociedade e não apenas sejam exércitos de controle social sobre os setores mais pobres da população, envidando uma cultura de extrema violência.
A Bahia não pode ser derrotada. O Movimento Nacional de Luta da Polícia e Bombeiros no Brasil não pode ser derrotado. É preciso resistir, chamar todos à luta. É necessário e urgente uma reunião nacional que articule e unifique esta luta. Os estados que já fizeram greves e fecharam acordos devem fazer passeatas e manifestações de rua. Quem ainda não se articulou deve chamar assembleias para fazê-lo. Os estados, como o Rio de Janeiro, que tem indicativo de greve marcado, devem se preparar para antecipá-las, caso haja qualquer agressão na Bahia.
É preciso ter muito cuidado com a organização dessas greves para evitar ao máximo danos à população. Deve-se, antes de tudo, defender a vida e a integridade do povo. É preciso garantir que setores essenciais das Polícias e Bombeiros não sejam paralisados. Policiar contra infiltrados que levam caos à população para responsabilizar o movimento – esses devem ser identificados e presos imediatamente – é preciso que a bandidagem saiba que a greve não é espaço para ataque à integridade do povo. É necessário que dirigentes de cada corporação se debrucem sobre suas realidades organizando uma greve que não permita perda de vidas.
Fechar uma ampla e forte solidariedade, neste momento, em torno desses trabalhadores, é tarefa essencial. E, sobretudo, denunciar, com todas as forças dos nossos pulmões, a covardia, a irresponsabilidade, a truculência e o show de Brancaleone protagonizado por Jaques Wagner e autorizado por Dilma.
No Rio não é diferente, o governador Sérgio Cabral enviou mensagem de antecipação de parcelas de gratificações da corporação. Uma fuga em não atender as reivindicações do movimento de aumento no piso salarial da categoria.
No Rio e na Bahia, meu mandato de Deputada Estadual tem lado, e está a serviço da justa luta dos Policiais Militares, Bombeiros, Policiais Civis e da população!
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