O Olhar Comunista dessa semana destaca a divulgação dos resultados do Censo 2010, que trazem uma informação “criminosa”: no Brasil, os mais pobres só ficam com 1,3% da renda enquanto os mais ricos abocanham 42,8%.
De acordo com o Censo do IBGE, embora tenha havido aumento do emprego formal entre 2000 e 2010 (de 54,8% para 65,2%), mais de um terço dos trabalhadores não tem qualquer tipo de proteção legal em suas relações de trabalho.
Mas o número mais revoltante é mesmo o que desmascara a “divisão do bolo” em termos de rendimento mensal: os 10% dos domicílios do país com maiores rendimentos abocanham 42,8% do total, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1,3% dos ganhos. Traduzindo em valores, a média de rendimento no “topo da pirâmide” é de R$9.501, mais de 3.000% superior aos R$295 ganhos pelos mais pobres.
Mesmo ao sair dos extremos opostos, os resultados são alarmantes: metade da população brasileira tem ganhos de R$375 por mês, apenas ¾ do valor do paupérrimo salário mínimo no ano da pesquisa (2010), R$510.
Setor financeiro é maior credor do governo
O que antes poderia ser criticado pela direita e os banqueiros como discurso vazio agora tem prova: mais da metade do que a União deve – e gasta com juros e amortizações – está nas mãos do setor financeiro.
E quem informa é o próprio Tesouro Nacional: as instituições financeiras e os fundos de investimento detêm 56,6% da dívida em títulos do governo federal no mercado interno, cerca de R$ 1 trilhão.
O órgão divulgou o relatório da dívida pública, no qual consta que a dívida mobiliária (em títulos) federal somava R$ 1,723 trilhão em setembro, dos quais R$ 976,28 bilhões estavam em poder do segmento financeiro. Desse total, R$ 524,85 bilhões (30,45%) pertenciam a bancos, corretoras e distribuidoras e R$ 451,43 bilhões (26,19%) estavam sob a posse de fundos de investimento.
Em terceiro lugar apareciam os planos de previdência aberta e fechada (os famosos fundos de pensão), com R$ 267,36 bilhões (15,51%). Já os estrangeiros detinham cerca de R$ 194 bilhões (11,29%).
Apenas 4 bancos lucram R$ 44,9 bilhões com serviços e tarifas
O lucro do Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander apenas com prestação de serviços e tarifas bancárias somou quase R$ 44,9 bilhões de janeiro a setembro. Para chegar à quantia, bastou pesquisar os dados divulgados nos balanços contábeis referentes ao terceiro trimestre desses quatro bancos.
O valor representa crescimento de 12,25% na comparação com o mesmo período de 2010, quando o lucro com essas receitas havia chegado a R$ 40 bilhões. Para eles, não há crise...
Interesses do capital reduzem pesquisas com células tronco
A empresa norte-americana Geron, uma gigante da área médico-farmacêutica - anunciou o fim dos trabalhos de pesquisa com células-tronco embrionárias, uma linha de investigação certamente promissora de avanços na medicina capazes de superar doenças e lesões até hoje tidas como incuráveis. Como disse a pesquisadora Tatiana Coelho-Sampaio, da UFRJ, em entrevista a O Globo (17/11), "os rumos da pesquisa em saúde mundo afora são altamente afetados pelos interesses dos investidores de toda a sorte".
A razão da decisão da empresa se deu por interesses econômicos, que não aceitam riscos altos e buscam, essencialmente, o lucro, não importando se a fonte é um produto de consumo ou a saúde humana. É a essência do sistema capitalista.
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