CARTA AO PSOL
Aos Companheiros de Luta
Gostaríamos de parabenizá-los pela resistência, força e empenho na luta por dias melhores diante das dificuldades e dos desafios que estão colocados para a nossa classe, especificamente aqui no Município de Petrolina-PE. E, agradecemos, mais uma vez, pelo convite para participarmos, novamente, de uma reunião do PSOL.
Esta é uma pequena reflexão que desenvolvemos logo após a reunião ocorrida no dia 03 de Julho de 2011; logicamente, são poucas as considerações devido às circunstâncias do nosso primeiro contato com o Partido.
Em primeiro lugar, consideramos acertada a idéia da escola de formação. Em linhas gerais, ao contrário do que vem acontecendo em vários países do mundo, presenciamos, no Brasil, um cenário de refluxo do movimento socialista e a gradativa despolitização dos partidos políticos de “esquerda”; e isso não se deve, apenas, pelos fatos trágicos que marcaram o final do século passado, como a crise do socialismo e o avanço do neoliberalismo, nem, no caso de nosso país, só pelos mandatos de Lula da Silva e a cooptação de lideranças políticas; mas, sobretudo, pelo desprezo a formação marxista.
A grande preocupação da maioria dos partidos (que se reivindica(vam) socialistas, mas que, na realidade, possuem uma postura de centro com inflexão política a direita), hoje, são os processos eleitorais - situação calamitosa, comparada à história do movimento socialista; pois a importância dada à formação política era outra, como bem ressalta István Mészáros: Rosa Luxemburg, por exemplo, não era só uma grande líder revolucionária da classe, mas também uma dedicada professora nos órgãos educacionais do partido, tendo, em suas obras, o objetivo maior de desenvolver a consciência da militância socialista.
É importante destacar que compreendemos a formação marxista não, apenas, como uma análise teórica para contemplar a realidade social, mas, também, como prática política revolucionária; portanto, trata-se de conhecer a sociedade para transformá-la.
Desse modo, a formação na qual nos referimos - referenciados, inicialmente, por Mészáros - não deve ser um exercício acadêmico distante da realidade, nem politicamente sectário, do tipo que os militantes têm que aprender o que dizem os “experts” e autoridades. Acreditamos que a melhor formação é na luta, no cenário combativamente dedicado e solidário entre os militantes da classe; pois, entendemos que não existe partido radical da classe (comprometido com a transformação social) sem determinação, intenso engajamento e consistência na formação política dos seus militantes.
Ainda sobre a formação política, ressaltamos, de acordo com Iasi, o cuidado em não cair nos equívocos de experiências conhecidas pela classe trabalhadora, de, na busca por uma produção coletiva, conduzir o processo a uma ansiedade pela materialização de um produto concreto no final da atividade de formação.
"O produto da formação é algo mais complexo e difícil de medir no curto prazo. Seria algo a ser medido na qualidade efetiva da ação militante, em sua capacidade crítica diante de deformações que vão se produzindo, a constatação, no quadro de militantes, da socialização de novos valores e preocupações, no número de quadros com capacidade de elaboração de políticas de ação e organização. Um produto que deve ser construído cotidianamente, mas que somente se expressa ao final de processos relativamente longos."
Em segundo lugar, apesar de termos clareza de que quem não explora os processos institucionais, debates e processos eleitorais pouco contribui para a revolução social, queremos destacar a necessidade de atuação para além da ordem institucional burguesa, dos processos eleitorais, etc.
Esse ponto necessitaria de uma maior discussão teórica, por esse motivo não nos aprofundaremos aqui.
No entanto, gostaríamos de lembrar que em nosso país permanece uma forma viciada de se fazer política, onde os ricos financiam as campanhas, depois, são beneficiados pelos eleitos. E a denominada “reforma política”, discutida pelos parlamentares, segue no sentido de uma reforma eleitoral que beneficia nossos adversários.
Por último, e não menos importante, o terceiro ponto que gostaríamos de destacar, é sobre a organização do partido na luta de classes em Petrolina.
Tudo indica que o PSOL, atualmente, é o único partido da esquerda socialista, com atuação em processos eleitorais no Município; portanto cabe ao partido uma postura de dialogo com as demais organizações políticas da classe trabalhadora, sindicatos, associações, movimentos sociais... No sentido da construção de um programa alternativo de caráter socialista para Petrolina.
A formulação de tal programa pressupõe uma leitura adequada da realidade do Município (inserida na totalidade das relações sociais) e a elaboração/definição de uma tática e estratégia capaz de unir o conjunto da classe trabalhadora, no campo e na cidade, numa frente anticapitalista em defesa do socialismo.
Nessa perspectiva, é uma questão de principio deixar claro que, especialmente, o PCB possui formulações avançadas sobre esse tipo de postura.
Um dos aspectos que julgamos mais importantes dessa formulação é a compreensão de que o processo de revolução socialista não é monopólio de nenhum partido ou grupo, mas, certamente, um empreendimento de luta conjunta.
Não mais, gostaríamos de desejar muito sucesso e muita força em nossa ação de luta conjunta pela transformação radical da sociedade. E, como diria Che, até a vitória!
Leandro Cavalcanti Reis
Pedro Paulo Lavor Nunes
Ronilson Barboza de Sousa
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