Qui, 30 de Junho de 2011 23:58 |
O drama (ou seria melhor dizer tragédia?) do país decorre de fatores estruturais e conjunturais. Os primeiros são: a dependência econômica, que nos acompanha desde o nascedouro e a escravidão que enodoou o país por mais de trezentos anos. Ambos somaram-se para criar uma sociedade dividida, hierarquizada, autoritária e cruel. Os fatores de ordem conjuntural estão ligados à crise econômica mundial. Isto pode ser explicado da seguinte maneira: os capitais dos países desenvolvidos, na falta de oportunidades de investimentos decorrente do quadro recessivo em que tais países se encontram, saem pelo mundo em busca de valorização financeira; como o Brasil pratica uma das taxas de juros mais altas do mundo, eles vêm para cá, inundando nossas bolsas de valores com divisas. O acúmulo de divisas gera a folga orçamentária que permite ao governo financiar a farra do consumismo irresponsável. Com os subsídios do crédito fácil e dos juros baixos, passam a ter acesso a bens de prestígio grupos sociais que jamais tiveram esse acesso. Isto lhes dá a confortável sensação de haverem ascendido de classe social. Pura ilusão, mas suficiente para que atribuam a Lula a mágica que lhes beneficiou. Basta uma ligeira melhora no quadro recessivo dos países desenvolvidos para que os capitais “golondrinas” retornem aos seus países em menos de vinte e quatro horas. Ao Brasil restarão as falências, o desemprego e mais uma oportunidade de desenvolvimento perdida. Objeta-se a este raciocínio com o fato de que o intercâmbio comercial do Brasil com a China responde mais pela bonança econômica do que os capitais estrangeiros aplicados em nossas bolsas. A objeção aparenta ter alguma base, mas não resiste ao argumento de que, como qualquer economista sabe, a economia chinesa pode explodir a qualquer momento. Nessa hora, ao Brasil restarão as falências, o desemprego e mais uma oportunidade de desenvolvimento perdida. Que fazer diante de uma realidade política assim adversa? Assim como o agricultor tem distintas tarefas no verão e no inverno, a esquerda tem tarefas diferentes nas distintas conjunturas em que deve agir. No rigoroso inverno político em que nos encontramos, suas tarefas parecem ser: organização, aprofundamento teórico, formação de militantes. Sem, contudo, abandonar as ruas, conclamando a massa a lutar pelos seus direitos (ainda que saiba não ser ouvida), a fim de ganhar credibilidade perante ela. http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6000:editorial010711&catid=27:editorial& |
sábado, 2 de julho de 2011
Drama ou tragédia?
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