segunda-feira, 23 de maio de 2011

Que direita?


Escrito por Gilvan Rocha   
21-Mai-2011
 
Em reunião de representantes do PT, PSB, PC do B e PDT, alguém discursou: "precisamos estar atentos, pois a direita se prepara para voltar ao poder".
 
Nessa seleta reunião, outro sujeito bradou com toda força: "direita? Mas direita somos nós. Basta lembrarmos que ser direita é preservar a manutenção do sistema capitalista e é isso o que nós fazermos diuturnamente.
 
Talvez os senhores estejam se referindo à extrema-direita. Mas o Maluf, o Sarney, o Jader Barbalho, o Renan Calheiros, o Romero Jucá e todo o PMDB fisiológico já não estão do nosso lado? Por que pregar esse espantalho de uma direita que não passa de nós mesmos?
 
Falou-se na retomada do poder. É provável que isso tenha vindo de um marxista-leninista-trotskista ou de um doutor em ciências políticas da Universidade Autônoma do México, quem sabe? Fica, porém, demonstrado, que aqui não se tem a menor ideia do que seja poder.
 
Há cerca de dez mil anos é que surgiu a divisão da sociedade em classes e camadas sociais. Mais objetivamente: surgiu a pequena classe dos ricos e a gigantesca classe dos pobres.
 
Essa minoria de ricos, para se manter, tinha a necessidade de construir um aparato de poder formado por várias instituições. Esse aparato que nasceu naquele momento histórico foi o Estado.
 
Poder, portanto, é o Estado, e ele é produto da divisão da sociedade entre ricos e pobres e existe para garantir essa desigualdade. Nos processos eleitorais não está em disputa o poder; o que entra em disputa são as mudanças de governo, e governo não é poder.
 
Governo é transitório, e o poder é permanente. Assim, não conquistamos o poder, estamos apenas gerenciando os interesses do sistema. No exercício de nossa função, nós PT, PSB, PC do B, PDT, em estreita aliança com partidos fisiológicos, logramos tirar algumas vantagens, seja praticando falcatruas, seja usufruindo favores ou benesses e assim jogamos nosso papel de direitistas, enquanto a esquerda, o anticapitalismo, estão reduzidos a pequenos bolsões, ora tratando de gênero, raça, homofobia, preservação da natureza, secundarizando a luta direta e explícita contra o capitalismo".
 
Gilvan Rocha é membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com/
 

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