Fraternidade e vida no planeta | ||||
17/03/2011 | ||||
Desde 1964 os cristãos brasileiros celebram a Campanha da Fraternidade no período da Quaresma. É tempo de oração, olhar e agir para o próximo, escutar o corpo, o espírito e o psíquico. Num movimento de superação de qualquer dicotomia entre fé e vida, os cristãos convidam toda a sociedade para a reflexão de temas fundamentais. Este ano a Campanha da Fraternidade tem por tema a “fraternidade e a vida no planeta” , que como ressalta Dom Orani, Arcebispo do Rio de Janeiro: “questiona a nossa vida e nossas opções quando verificamos que ‘a criação geme em dores de parto’ (Rom 8,22), supondo a coragem de acolhermos o chamado à conversão para uma vida mais sóbria e humana”. A tragédia no Japão, com suas cores cinzentas cada vez mais dramáticas, não pode nos deixar inertes. A primeira vez que a Campanha da Fraternidade se dedicou ao tema da ecologia foi em 1979, com o lema ‘Preserve o que é de todos’. Em 2002, veio a Campanha que alertou sobre a Amazônia; dois anos depois, a Campanha de 2004 trabalhou a questão da água, e a Campanha de 2007 discutiu o tema ‘Fraternidade e os Povos Indígenas’, e com ênfase na questão da terra e dos seus cuidados. Vivemos uma crise ambiental resultado da incompatibilidade dos tempos acelerados do produtivismo capitalista, com sua necessidade crescente de lucro e consumo, e os tempos mais lentos da natureza: os ritmos da vida e da biosfera são modulados por processos físico-químicos e biológicos que não se submetem ao ritmo do mercado. Com a Campanha que se inicia, as Igrejas e a sociedade terão uma nova oportunidade para refletir sobre a biodiversidade, o aquecimento global, o uso da energia, a preservação da Amazônia, a produção de alimentos. A Campanha da Fraternidade nos convida a pensarmos ações concretas para reverter este quadro nos níveis pessoal, comunitário e de governo. Não podemos seguir vivendo “uma crônica de catástrofes anunciadas”, como ressaltou, em brilhante texto, publicado em O Estado de São Paulo em 23/01/11, que registro nos Anais da Casa, o professor da Universidade da Califórnia e Membro da Academia Nacional de Ciências e da Sociedade Filosófica Americana, Jared Diamond: “Os cinco fatores que levo em consideração ao tentar entender por que uma sociedade é mais ou menos propícia a entrar em colapso são, em primeiro lugar, o impacto do homem sobre o meio ambiente. (...) O segundo fator é a mudança no clima local. Atualmente, essa mudança é global, e resultado principalmente da queima de combustíveis fósseis. O terceiro fator são os inimigos que podem enfraquecer ou conquistar um país. O quarto são os aliados. A maioria dos países hoje depende de parceiros comerciais para a importação de recursos essenciais. Quando nossos aliados enfrentam problemas e não são mais capazes de fornecer recursos, isso nos enfraquece. (...) O último fator recai sobre a capacidade das instituições políticas e econômicas de perceber quando o país está passando por problemas, entender suas causas e criar meios para resolvê-los. (...) Não há segredo sobre quais são os problemas: a queima exagerada de combustíveis fósseis, a superexploração dos pesqueiros no mundo, a destruição das florestas, e exploração demasiada das reservas de água e o despejo de produtos tóxicos. (...) É a primeira vez na história que enfrentamos o risco de o mundo inteiro entrar em colapso. Hoje, até mesmo quando um país remoto, como a Somália ou o Afeganistão, entra em colapso, isso repercute ao redor do mundo. (...) O argumento de que as mudanças climáticas que estamos presenciando hoje sejam apenas naturais é simplesmente ridículo. Tanto como aquele que nega a evolução das espécies. As evidências de que tais mudanças se devem a causas humanas são irrefutáveis. Os anos mais quentes registrados em centenas de anos se concentram nos últimos cinco que passaram. O planeta já enfrentou flutuações de temperatura no passado, mas nunca nos padrões registrados hoje. Precisamos estar preparados para um número cada vez maior de tragédias humanas relacionadas a mudanças climáticas. O clima se tornará mais variável. O úmido será mais úmido e o seco, mais seco. (...) O modo de vida do mundo não está em harmonia com as condições naturais deste próprio mundo. (...)” | ||||
quarta-feira, 30 de março de 2011
PRONUNCIAMENTOS DE CHICO ALENCAR - DEPUTADO FEDERAL PSOL RJ
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