sexta-feira, 18 de março de 2011

DIGA NÃO A USINA NUCLEAR EM PERNAMBUCO, O VELHO CHICO AGRADECE

O grande culpado pelo caos nuclear japonês é o capitalismo Imprimir E-mail
Escrito por Celso Lungaretti   
16-Mar-2011
 
Deu no Opera Mundi:
 
"Um despacho de 2008 da embaixada dos Estados Unidos em Tóquio revela o descontentamento e preocupação de uma importante figura política japonesa em relação à política nuclear de seu país. No documento, era informado que o governo encobria informações sobre acidentes nucleares, além de ocultar os custos e problemas associados a esse ramo da indústria.
 
A conversa entre Taro Kono e um grupo diplomático norte-americano teria ocorrido em outubro daquele ano, durante um jantar. O relatório (...) foi obtido pelo site WikiLeaks e publicado pelo Guardian.
 
O deputado Kono, um dos principais líderes do Partido Liberal-Democrata, que governou o país de 1995 a 2009 e, portanto, estava no poder no momento do encontro, mirou suas críticas na atuação do Ministério da Economia, Comércio e Indústria, responsável pelo setor nuclear no país, e nas companhias energéticas japonesas. No documento, ele fazia forte oposição à estratégia energética e nuclear japonesa, especialmente em relação a questões como custos e segurança.
 
Segundo os documentos, o deputado acusou o ministério de sonegar e selecionar informações do setor a serem repassadas aos parlamentares de acordo com seu próprio interesse. No despacho, Kono também teria demonstrado grande preocupação com os resíduos de energia nuclear coletados pelas empresas, já que o Japão não possui nenhum local de armazenamento permanente dos resíduos de alto nível.
 
O documento indicava outra grande preocupação do deputado, que relacionou os armazenamentos temporais com a alta atividade sísmica do país, e alertava sobre a possibilidade e do risco de os materiais serem filtrados em águas subterrâneas em caso de terremoto.
 
O deputado teria relatado que as companhias energéticas japonesas ocultavam diversos problemas...
 
...Perguntado sobre a influência das companhias energéticas no país, Kono assegurou que uma rede de televisão realizou uma entrevista com ele, repleta de críticas ao setor, e que seria apresentada em três partes. Mas, após o primeiro programa, ela se viu obrigada a cancelar a exibição, pois as empresas ameaçaram cancelar o patrocínio à rede".
 
Novamente se confirma o que eu afirmei no post de três dias atrás:
 
"Para quem não engole os contos da carochinha do sistema, salta aos olhos que as usinas nucleares jamais serão totalmente seguras. Trata-se de mais uma opção que o capitalismo impõe à humanidade, a partir de um enfoque em que a relação custo/benefício é tudo e a vida das vítimas, nada".
 
Interesses empresariais prevaleceram sobre o imperativo de se preservar a existência humana. O lucro pesa mais do que a vida. Governos são corrompidos. Informações vitais, sonegadas. Emissoras de TV, coagidas a calar denúncias.
 
E assim, o país mais castigado até hoje por bombardeios atômicos agora se vê ameaçado de passar por horrores semelhantes em função de um mais do que previsível acidente nuclear.
 
Se é discutível a operação de usinas nucleares nos mais remotos desertos, sua instalação em áreas povoadas só pode ser qualificada como um crime contra a humanidade.
 
E pensar que, sob o primado da ganância, ainda se maximizaram os riscos para que as companhias energéticas multiplicassem seus ganhos!
 
O capitalismo há muito deveria ter sido substituído por uma forma de organização da sociedade fundada na cooperação entre os homens para a promoção do bem comum -- única possibilidade de sobrevivência da humanidade num planeta superpovoado e com recursos naturais finitos.
 
Agônico e putrefato, ameaça provocar o extermínio da espécie humana, com a conjugação de catástrofes naturais decorrentes das alterações climáticas e catástrofes nucleares das quais os terremotos, tsunamis, furacões, inundações etc. serão o estopim.
 
Os avisos nos estão sendo todos dados. Se demorarmos a despertar para a magnitude dos desafios que enfrentamos, poderemos começar a reagir só quando a situação já tiver chegado a um ponto de não retorno.
 
Celso Lungaretti é jornalista e escritor.

 www.correiocidadania.com.br

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