A comemoração na Praça Tahrir |
Internacional |
Fred Henriquez |
Qui, 10 de Março de 2011 15:02 |
A manifestação inicialmente chamada para ser um ato em memória dos mártires, contra o governo provisório e pela derrubada de todos os representantes do antigo regime se converteu numa grande comemoração. A destituição de todo o gabinete e a troca do primeiro ministro, saiu Ahmed Shafiq e entrou Essam Sharafse, faz com que toda a população encare este fato como uma grande vitória. Para celebrar nesta sexta-feira, dia 4 de março, um milhão de pessoas foi a Praça. As bandeiras do Egito eram vistas as centenas de milhares, junto a elas somava-se milhares de bandeiras dá Líbia. As cores vermelho, branco e preto estavam nos rostos, nas camisetas, nos cartazes fortalecendo a idéia de Egito como grande nação. A idéia de paz e festa era reforçada com a presença de famílias inteiras neste espaço. O mar de gente sempre puxando estava organizado no entorno de três palcos, que por não se tratar de um evento oficial e com poucos recursos teve não teve condições de montar estruturas para o grande número de pessoas presentes na Praça. As palavras de ordem sempre são entoadas por um puxador e em seguida repetidas por todos, isto faz com que possam ser mudadas constantemente. Dentre os temas que giram as reivindicações estão: primeiro, e a mais repetida está à derrubada do antigo regime; segundo, a apropriação da Praça Tahrir como o espaço do povo e o local de liberdade; terceiro liberdade e democracia são os principais lemas dos atos; quarto é o fim da lei de emergência e a repressão que persegue diferentes posições políticas. A referência internacional é muito forte no ato. Ela pode ser sentida nos incontáveis cachecóis, que representam a resistência palestina, as bandeiras da Líbia independente que disputam espaço com as bandeiras do Egito, os cartazes que mostram o mundo árabe cinza, apenas a Tunísia, a Líbia e o Egito com as cores de suas bandeiras. Apesar das idéias estarem espalhadas por toda a população, o ponto alto do ato é a presença de membros da resistência da Líbia e, especialmente no palco principal depois da fala de Sharafse, a convocação por Mohammed el-Beltagy, líder da Irmandade Mulçumana, a que todos os países Árabes libertem os seus grilhões como fizeram Tunísia e Egito. Por fim o momento auge da Praça ocorreu entre as duas e três horas da tarde, aonde depois das orações, surge Essam Sharafse. Sua entrada é ovacionada por centenas de milhares de Egípcios ali presentes. No seu breve discurso ele reivindicou a legitimidade do seu poder a Praça Tahrir e que a prioridade de seu governo será atender as demandas apresentadas por ela. Quem é Essam Sharafse? Sharafse foi ministro do transporte de Hosni Mubarak durante os anos de 2004 – 2005. Ele foi conhecido por ser um dos ministros com menor tempo dentro do governo e um dos poucos que saiu fazendo severas críticas a gestão e a falta de recursos para o gasto público. Após pedir demissão do governo, ele voltou a lecionar na Universidade do Cairo e se manteve no trabalho até ser indicado pelo conselho a ser o Primeiro Ministro. A força que o seu nome ganhou se deu pela principal pauta da Praça Tahrir, a corrupção. Tido como um home ético que enfrentou o governo de Mubarak, mesmo fazendo parte dele, e seu apoio ao movimento da Praça Tahrir fizeram com que ele tivesse uma enorme aceitação junto à população. Apesar do exército indicá-lo para o cargo, a viabilidade do nome se deu devido ao forte apoio da Irmandade Mulçumana e El Baradei, além da forte aceitação entre os grupos de juventude, em especial, o Movimento 6 de Abril. Por fim, embora a sua aceitação seja imensa, os principais atores da Praça dizem que não vão voltar para as suas casas e esperarem o desenrolar do processo, mas que estarão presente para que as suas demandas sejam cumpridas. Fred Henriquez é colaborador da secretaria de Relaçoes Internacionais do PSol |
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